segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

Poemas Perdidos (pt.2)

''Perca-se'' (31/08/2013)

Madrugando intensas noites
em agonia
em ânsia
fitando de maneira obtusa
a porta.
não espero a razão do teu vir 
só espero que venhas

e quando vens, vens bem
vens com calor
vens com afago
nada mais de temor
- a tua mão em minha cabeça
e minha face descansada em teu busto
o aperto de teu amor que me sufoca
mas que não mata, não machuca, não fere
e depois, teus lábios encostados aos meus
sentindo todo o bater de meus músculos.

meu coração recita 
que
te amo, menina
amo-te
amo tu
escolhe a sentença!
e sim, essa é minha eterna promessa
- a cada segundo passo mais
estático
frenético
fanático
há como ser mais direto?


ainda que eu caminhe perto do abismo
que me perca nos azares dos vícios
que eu seja esmagado pelo ócio de meu choro
eu terei a ti,
minha graça
minha alça
e nunca hei de cair.
                                  
sonho-te contigo ao meu lado
abobo-me a cada sorriso teu
seguro-te a mão
fazes e torna a fazer 
o amor mais amor

assim,
ao infinito eu perpetro:
que eu continue um tolo,-amando-
um pobre antiquado
em que mundo podia ser eu infeliz?
se a ti tenho, 
e ao amor tenho?
aquele que perde-se amando
se encontra
aquele que ama perdido
feliz é perdido

perco-me já perdido
apaixono-me já amando

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''Gaucheando'' (16/07/2013)

Tomou-lhe o cálice d'amargura
Em forma de camafeu
Abraçou do coração as gasturas
Compôs um último soneto
Mixando ao cianeto
e bebeu.

Passou pelo momento da clarividência
Os olhos umedeceram sem ver
passou-lhe o sopro da essência
e todo o campo do querer.
Sentou-se em sua poltrona macia
repousou a cabeça
lembrou-se da estrela que luzia
e do que madre Ju já lhe dizia.

O vento do norte soprou em si
segurando a vida pela última vez
e com o corpo tomado pelo frio
seu sorriso se desfez
simplesmente fechou os olhos e deixou estar
como tinha de ser e sempre será

domingo, 20 de dezembro de 2020

A Mí

Ya me enojé de todo lo que hay de complejo en el mundo,
Y a lo complejo le decreto muerte.
Quiero ahora solamente la brisa fresca de verano.
Quiero el abrazo apretado
Y la sonrisa tonta. 
Quiero los ojos mojados y el amor sin respuestas.
Quiero todo lo que no tiene explicación:
La razón ciega, la fé de los curas. 
Quiero el beso de la pluma en mis mejillas,
La pasión de mi mamá y la canción de cuna de papá.
Pero, sobretodo, lo que más quiero es morirme, morirme de reir
Hasta que el día sea noche,
hasta que la luna mate al sol con su entrañable reproche.

Marrom

Esta noite sonhei contigo.
Cabelo marrom a voar e voar na maravilhosa ode que é a falta de propósito,
Mão afável sobre meu peito a dizer não à arritmia do meu coração, 
E a força de segurar tão etéreo ímpar de dedos a me dar a certeza: contigo sou imortal. 
Juntos e invencíveis, na temporalidade estranha e finita dos sonhos, nossa completude estilhaçava e esmigalhava a sentença irreversível do relógio. 

Esta manhã acordei sem ti, morreste ao meu abrir de olhos - uma mentira crassa, não mais: vives.
A segurança morfética dos teus braços ao meu redor se recusa a aceitar a ditadura do apagar e acender das luzes. 

Na consciência, podem-me tirar tudo e todos, mas tu és impassível de destruição. 
Almejo que um dia existas na vida, tal como exististe em sonho e existes em mente, sem perder um milímetro desta tua teimosia em perdurar em mim, 
Já que a lembrança de teu sorriso - tão excelso - e dos teus olhos - tão deíficos - me rende ao axioma de que abençoados são os que tem o real a amar - mas que ainda não é derrota amar aquilo que, no Mundo dos Homens, nunca existiu.  

Termoluminescência

O futuro inconspícuo abraça o tolo, e tolo - como um tolo - lhe faz pouco caso
Assim, diante de si, toda segurança esmorece
E toda chance esboroa-se
 
Que então escorra pelo ralo
Todo o concomitante do que foi e não foi
E que o Caos seja a Virgem a afagar-lhe para dormir.
 
Que, enquanto isso, sente-se à mesa com mais um amor de sua vida, 
e ao final dê-lhe "boa noite" e nunca mais a veja;
Tenha-se o pássaro à mão e deixe-o escapar.
 
A mais ardorosa felicidade vive de mãos dadas à melancolia

quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

Brâstèlo

Vostra voce vente a me
Retua in a cuarta varta
Oivites harten romperto in tosta mea:
Ertui, ertui!
La tosta mea espara sen doquerta
Hezme nafuo, nafuo verzo
Ertui! Ertui!
Sunno que, aperto.

Tua voz vem a mim
Ecoa em um quarto vazio
Ouvidos fazem barulho na minha cabeça:
Mais alto, mais alto!
A minha cabeça explode sem doçura
Fizeste-me novo, novo velho
Mais alto! Mais alto!
Estou aqui, aberto.  

domingo, 29 de novembro de 2020

Freddy

Quando eu era criança, certos filmes de terror corriam no boca-boca entre nosso grupo de amigos. Entre nós, ver filmes dessa natureza era um evento, mesmo que pessoas como eu nunca tivessem coragem alguma de começar qualquer um. A experiência de haver assistido aos "mais assustadores" dava uma espécie de status ao ser e da voz daqueles que tinham a audácia de ver aqueles ‘‘horrores audiovisuais’’ até o fim se iniciava um boato, uma mitologia do filme. O mais assustador, todos sabiam, era ‘‘O Exorcista’’, que vinha acompanhado experiências ainda piores: 

- Fiquei uma semana sem ir ao banheiro – dizia um

- Depois daquilo, meu periquito nunca mais foi o mesmo – dizia outro

Evidentemente, era, portanto, o boca-boca o grande agente do caos. Um dia, me falaram sobre ‘‘A Hora do Pesadelo’’:

- Anacleto assistiu, não dormiu por cinco dias com medo do Freddy Krueger matar ele durante o sonho. E ah, o Freddy era um maníaco que nem esses da TV, matava criancinhas e é todo queimado, com uma luva de lâminas. Por isso, NÃO dorme, Daniel.

É mais do que sabido de que a grande sacada de ‘‘A Hora do Pesadelo’’ era o fato do assassino demoníaco atacar durante o sono. Diferente de outros tantos slashers gerados em uma onda caça-níquel oitentista, Krueger era inevitável: o sono acomete a todos.  À esta altura eu já estava mais do que preocupado, mas precisava de um colírio para meus olhos curiosos e o pipocante Google apresentou-me todas as cartas do baralho: Freddy registrado em cores sem pudor, lâminas sanguinolentas por todos os cantos e uma inesquecível face sádica de Robert Englung (com direito a vários problemas dentários, diga-se de passagem, os quais, certamente, custariam uma fortuna nos dias atuais).

Estava feita a confusão: na noite daquele mesmo dia, eu ficaria sozinho em casa até por volta das dez e, evidentemente, ao passo que a lua subia, eu busquei refúgio no bloco ao lado, onde moravam meu tio, tia e primos. Cheguei lá como quem não quer nada, oferecendo-me como um inocente visitante e, como nas histórias desses filmes dos anos 80 ou nas de Stephen King, os pais estavam fora da jogada: naquela noite seriamos só eu, meus primos e a babá. Fiz-me de ''joão-sem-braço'' e, conforme as horas passavam, esgueirei-me para passar a noite ali: "iria fazer companhia pro Francesco", dizia eu – pura mentira, eu era estava me borrando do Freddy.  A missão, evidentemente, seria não dormir e com isso segurei as pálpebras abertas como um boxeador que se recusa ir a nocaute. Não me lembro de ter ficado acordado tanto tempo quanto naquela noite, mas quando percebi (ou não percebi - aqui temos um impasse semântico) já estava nos braços de Freddy; digo, de Morfeu. Para minha surpresa, acordei no dia seguinte vivíssimo: não sonhei com pôneis, claro, mas nada de Krueger - nem uma visitinha rápida, nem uma piadinha tenaz tipicamente sua, daquelas que certamente o credenciariam para os shows de stand-up de hoje em dia. 

Hoje penso em como seria se ele tivesse aparecido. Na verdade, penso em duas situações: uma naquela noite e noutra nos dias atuais (momento em que Freddy Krueger me parece, com todo o respeito, muito mais um Waldo acidentado que teve que improvisar com o armário que tinha). Chamemo-las de, respectivamente, ‘‘Cenário I’’ e ‘‘Cenário II’.

CENÁRIO I

Daniel está no quarto vazio e frio de seus tios ouvindo o voraz som de uma ventania que está quase a quebrar o vidro da janela. A casa, vazia: Daniel e seu crucifixo não aceitam o comodismo e engajam-se a explorá-la, sem saberem que caminham para o precipício. Andam pelos cômodos - obviamente sem eletricidade - e encontram a porta de entrada do apartamento: abrem-na. Contudo, a lâmpada principal que ilumina o andar inteiro começa a fraquejar: a escuridão toma o prédio e não tarda para que se comece a ouvir o inexorável ranger das lâminas de Freddy postas contra a parede, cada vez mais estridente. Não há como descer as escadas, claramente ele está subindo-as. Só resta voltar para o apartamento, mas a porta agora - piscadela para Hollywood - está trancada. Daniel e seu crucifixo tentam subir as escadas para o último andar, mas, como numa esteira, sobem e sobem sem saírem do lugar - lembre-se: o Freddy escreve os roteiros desses pesadelos.  Sentindo o tapa da crua realidade na face e como toda bela vítima de horror slasher, Daniel e seu crucifixo começam a chorar e gritar, encurralam-se em qualquer corner estúpido e aceitam as espetadas mortais. O sangue escorre enquanto Freddy ri.

CENÁRIO II

Daniel levanta-se da cama para ir à cozinha de madrugada: a vida urge por um copo de leite. Ao chegar à sala depara-se com um sorridente Freddy sentado no sofá. Segurando um jornal e com a luz de um relâmpago afora iluminando-o, Krueger presencia Daniel tomar a primeira palavra:

- Freddy, tu não deveria ler no escuro, faz muito muito mal pra vista, já dizia minha mã...
- Daniel, eu vim te buscar. Tá na hora de pereceres diante de minha ira. 
- Sem problema, cara – responde um atencioso Daniel – mas e esse jornal? As coisas agora são virtuais, tu sabe, né?

Freddy expressa leve incômodo:

- Eu sou dos anos 80, seu otário, as coisas não funcionavam assim. E, sabe, agora é difícil se desprender de velhos háb... Quer saber? Eu não te devo satisfação nenhuma, seu idiota. Vamos logo com isso. 
- Fica calmo, amigo, só pensei em dar um toque. Mas, se tu me permite, não é difícil folhear um jornal com essas lâminas na mão? Não vai sair cortando tudo? 

Ainda que impaciente, Freddy pensa em não fazer desfeita diante da compreensão e hospitalidade de Daniel:

- Não mais, elas já tão velhas e cegas, cortam pouca coisa. 
- Ah, saquei. Tu poderia buscar novas opções, algo como aço inoxidável. A Tramontina tá com umas promoções... Aliás, falando em renovar,  não daria pra tu pelo menos lavar esse teu suéter de vez em quando? Sem ofensa, é que sempre quis dizer isso. 
- ‘‘Sem ofensa’’ – responde um irônico Freddy levantando as mãos; digo, garras. Primeiro pisa pra depois fazer carinho, né? Essa geração de merda, não têm respeito nenhum. Tu já ajudou alguma velhinha a atravessar a rua? Aposto que não, né, seu bosta? E só pra mostrar como não sou mal-educado como você (graças a Deus meu pai e minha mãe me deram educação) te respondo que o fedor do suéter é proposital
- Não, é que só acho engraçado tu ler jornal em papel mas não se importar em ser o moderninho hipster com esse suéter listrado. Quer dizer talvez faça até senti...

Daniel é interrompido por Freddy, já quase às turras:

- Olha aqui, seu fedelho: uma coisa é hábito, outra é uniforme de trabalho. E, aliás, eu comecei com essa de usar suéter antes que algum abobado saísse por aí tirando foto com analógica. 
- Ué, mas então não conseguindo entender muito bem a lógi...
- Daniel, cala a boca, porra! Bora que tu já me encheu demais o saco e já não tô mais na flor da idade.

Um pequeno silêncio se instaura até que Daniel adicione um último comentário:

- Freddy, só querendo te ajudar, viu? É que tu falou de trabalho e tal... Tem como tu dar uma olhada rápida na questão da nova previdência aí no jornal? Sei que tua jurisdição é internacional, etc; mas é bom saber como as coisas podem funcionar pra ti aqui no Brasil. 

Freddy folheia o jornal rapidamente e lê, ainda mais rápido, a seção sobre política: 

- Caralho... Pega suas coisas logo. Ainda tenho bastante o que cumprir.
- Tá bom, só deixa eu beber um copo de leite antes.

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Lentium

Meu telescópio de vidas anda quebrado.

Quebrou-se sem cerimônia, sem despedidas: espatifou-se diante do bater do vento.
Recusei-me a colher-lhe os cacos, fiz de uma lupa meu novo olho.
Examinei cada movimento, cada ensejo ou desejo de expressão, cada olho dirigido ou perdido.
Os rostos expandidos nada mostram além daquilo indesejado pela expectativa.
Os rostos expandidos não mostram a nós mesmos, são desvios de uma encruzilhada embaçada - o telescópio fora uma mentira: dos cacos percebi que nem por um dia ele intentou mostrar-me o que eu via.

Escancarou-se ao bobo a verdade da côrte: anos esmerilharam-se junto ao olhar despercebido da ironia de que ali nada se estava a ver - a a luz descerimoniosa, refletida fundo pelas lentes insípidas, em um majestoso penetrar das córneas minhas, fez-me padecer da cegueira dos que vêem.
Escancarou-se ao bobo a verdade da côrte: as lentes são derrotas aceitas daquilo que não acontece - e o eu, o paraíso da guerra.

Aqueles que teimam em ter a paz consigo próprios jamais acharão a paz no outro, ainda que a guerra do existir em si aparente jamais ter existido.
A paz duradoura é filha única da alma daquele que ousa amar-se e que, ao amar-se, recebe em mãos a vitória da vida humana em terra: o amor do outro.

domingo, 15 de novembro de 2020

Tilintar

Entre tudo que há
E não há,
Há tu.

Em meio às trelas ditas pelo reflexo da íris,
No fim da turbulência que é a marola,
O bastião imperecível responde por teu nome.
Ainda que surdo, ouço-o, de novo e  de novo:
Se em meio ao silêncio do não-dito,
Tivesse algo de surgir para tornar o perfeito mais-que-perfeito,
Seria a tua palavra - pelo abraço das letras, a casa eterna de toda a graça.
Ouço-o, ouço-o: teu nome é o eco tilintar do canto canário,
O milagre do nascer,
O sorriso após a dor.

Hás feito de meu ouvido os olhos da vista e os olhos da alma,
Pois em tudo o que há,
E não há,
Há tu.  

terça-feira, 29 de setembro de 2020

Poemas Perdidos (pt.1)

''Jamil Pardal'' (07/10/2016)

No cantar da noite pálida esgueirada,
Meu pardal amigo se aconchega
Com o ato final da lua em sua calada,
O vento vazio do sul se aprochega.
E diz: "acorda, amigo! Levanta logo que faz-se dia! 
Lembra-te que houve tempo em que sem aviso teu olho se abria!"
Assim que acorda o pardal amigo,
Logo vem pedir de meu coração os retalhos
E com sorriso confesso que dou-lhe,
De bom grado.
Pois, ora, não nasci completo,
E mesmo que aguente os golpes de ferro,
Vim desnudo, vim varrido,
Perdido,
mas com sangue, altivo.
Diante do bater do martelo chamado destino,
Recuso-me a esmorecer,
E faço do estrondo deste em meu corpo
Meu mais simples florescer.
Por isso, voa, amigo pardal! Voa longe!
Que tuas penas resplandeçam no infinito!
E que o sol sem medo aqueça
Este coração meu que com cuidado carregas.
Espero-te sempre, pardal, sempre
não titubeio e nem me impaciento,
Pois prefiro que meu coração voe,
Carregado por pássaros a barlavento,
A não ser quem sou
A não amar quem amou.
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''Carqueja'' (16/10/2016)
 
Tu és para mim como chá de carqueja,
Uma sonata amarga e forçada,
Em que meu ser adentra e já fraqueja
Com uma só palavra
 
Tomo-te porque fazes bem
-Pelo menos é o que dizem-
Atraio-me por ti porque és forte,
Porque complementas um quadro repintado
Que sem ti é só mais um falso recorte.
 
Os goles de teu chá são cada vez mais etéreos
E resignar-me a sentir o calor de tua temperatura
É abraçar um presente inócuo,
sem esmero.
 
Cada palavra tua é um pingar duma gota de teu chá, em minha boca
Cada dicção tua solta,
É um grito ecoante de meu coração,
para que te absorvas.
Sou apaixonado de começo só pelo jeito que falas, 
pelo jeito que as palavras soam em teus lábios.
O resto é apenas resto!
 
Mas na noite, teu gosto de carqueja ressoando me relembra
Que de nada adianta a palavra quando não há intuito,
quando não alpendra.
 
Pois então,
benditos sejam os que demonstram!
-Como? Onde? Não importa!-
Seja com palavras, seja com atenção!
Seja com gestos, seja com devoção!
Benditos os que não me façam afogar-me
Em um mar de carqueja
e podridão. 
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 ''O Sol também se Levanta''  (06/02/2017)
 
Levanta-te, Sol! Levanta-te!
Abençoe toda a solidão
Que o mundo abriga, 
Com uma quente mansidão 
 
Ouça meus gritos, Sol, ouça-os! 
Eles já foram mais altos, sei 
Já melhor ecoaram nos porões do universo, não? 
É que já cansei de gritar, irmão, 
Estou farto do próprio falar
 
Mas não te iludas, não te oprimas:
 jamais hei de te abandonar 
 A solidão a ti destinada, meu confidente, mande-a para o inferno! 
E ouça-me!
 
A solidão, deixai-a a mim: esta é apenas minha e me recuso a partilhar, 
Teus raios lindos não merecem tais chagas,
 já que tua luz a vida pura encharca
 ordeno-te: faça-te outra morada!
 
Contudo, imploro, irmão Sol, ainda assim, ilumina-me, não desista! 
Cá dentro ainda deve haver lugar a brilhar
É que este sou eu:
Uma imensidão lotada de vazio e quadros tortos!
Mas que não são, nada mais,
Nada menos
Que a janela dos olhos
De nossa tão frondosa mãe, 
Existência.