segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

Sem Título III

Andam por aí a cuspir,
Aqueles velhos claudicantes,
Irriquietos por decreto - ou por um escuro indelével
O marasmo de estar.
Aqueles daqueles mortos malmequeres,
Que nascem sem se ir,
justam por aí e desamam-se a ruir.
São aqueles, mais daqueles - apenas eles,
Que se apaixonam, sol nasce, sol desce;
Pela falsa filáucia de a si suprir.

A alma é escrava da palavra
E a esquina já está farta de agonia:
Apenas um tolo beligeraria,
Apenas um parvo não partilhar-se-ia
Pela luz que arenga a dádiva do boteco vazio,
Acorda lá o cicio - das vidas apartadas:

"Façai-vos em pedaços e cativos os entreguem nas mãos amadas;
Ouçai o sibilar do pecado divinal que beija a orelha dos surdos:
Enamorados bebem do abafado arrepiante do corações não-mudos".