quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

Basilea

"Ir y quedarse", foi marcado.
Tardei anos a perceber estas palavras: 
Armei-me dos melhores pecados, 
da teimosia, o gozo; o trovar de Kerib.
Esqueci a semântica, como quem se esquece de acordar, 
Já que trazendo cá tu era tudo igual:
Audaz e devota como o lobo a cada nova lua. 

"Zarpar" - chegada é a hora, sabujos
Ir-se sem deveras ficar: que apenas no mar o azul viva
Navegar e amar as cores nunca dantes vistas,
Afogar-se à Lemúria e venerar o que o inaudito inclui,
Nunca mais ancorar 

Milhares de batidas de distância atesta a aurora
Inverno ao que não é terno: pretérito, lux aeterna,
Guia aos maltrapilhos de outr'ora.
Setembros sem ter, espalma-me o dia
Lecionar-me-ei a eu mesmo a ser, ao beliscar do atemoro da nova sinfonia
"Não temas", recita Isaiah,
- Amar é amar o amar. 
Badalou por último o sino da nossa juventude
"Saem os pássaros, vê: batem asas para nunca regressar" 


segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

Gyumri

Estou a tomar o trem
No primeiro vagão, onde repousam os argutos,
Repousado no banco que a mim não foi desenhado 
Fito afora os cães vadios a sirelepear 
Em meio à sujeira daqueles que a toda hora um destino é abandonado. 

Fito-te em meio ao vazio da fumaça,
O vazio do "se" e o vazio de algures,
O espectro infindo que o viver traça
E que a mim sorri a cada apagar de luzes

A buzina aqui ressona, 
Ecoa portentosa como se o mundo inteiro fosse uma bolita insólita:
Lá hás de ouvi-la, 
Ela é o furor do teu nome cá acima. 

Efervescência

Mirei o nada e tudo vi:
Na visita do meio-dia
Feição, íris vencido 
Em meio aos castanhos daqui moradia

Foi-me dito pelo Mudo:
"Vê sem ver e crê para nascer,
E isso é tudo"
Padeci de ouvir e nasci mil vezes,
Continuei a nascer e vivi de mim companheiro.
Matreiro,
Se viesse disso o certo, o mundo bastar-me-ia, 
Mas tua sou oferenda, o milagre que em ti é de fato a nascença.
Teu corpo junto ao meu:
Efervescência