domingo, 1 de janeiro de 2017

Minhas Resoluções de Ano Novo


Estive pensando o que eu teria a dizer sobre o meu 2016.

Nunca cheguei a um fim de ano tão cansado física e mentalmente. Tive dissabores depressivos enormes e desenvolvi, ainda, um tal de ‘’transtorno de despersonalização’’, de longe a pior sensação que já senti. Quando eu tinha 15 anos eu percebi e aceitei que meu caminhar nesta vida não seria tão fácil quanto queria, e que eu teria que provar a mim mesmo o quanto eu podia aguentar os golpes de minha própria psique. Entretanto, com isso, adquiri poderes surpreendentes, forças inéditas e improváveis, e anseio pelo prazer de tudo que é simples. Há uma cena em ‘’Rocky Balboa’’, bastante famosa, em que Rocky diz a seu filho que a vida não é o quanto você consegue bater, mas sim o quanto consegue apanhar e aguentar. Resulta que isso é uma grande verdade, e eu adoro, admito, quando verdades são ditas com uma alta dose de lirismo!

Agradeço aos céus pelo dom da resistência, pois nesse ano muitíssimas vezes perdi o fôlego, perdi até a vontade de ter vontade (é verdade), mas só pude engolir -à contragosto, diga-se de passagem- o clichê que é o let it be e aceitar que o curso das águas não para e continua, aceito ou não. Para mim, as perdas particulares também vieram e foram dolorosíssimas, e só pude buscar o silêncio quando não encontrava as explicações, quando não tinha como entender. É impossível substituir o insubstituível, e quando digo isso me refiro a você, tia Zelir.

Que cada um carrega realmente sua cruz particular isso também é outra verdade, e umas são muito mais pesadas que outras. Se existe algo que eu ainda estou lutando pra tentar aprender é que o mais importante está em reconhecermos que a vida se divide entre o que pode e o que não pode ser mudado. Ao fazermos isso, adquirimos uma capacidade de tomar em nossas mãos nossa própria vida que é simplesmente fenomenal. Isto, aliás, não significa cruamente acomodar-se ou desistir das coisas, significa olhá-las com uma lente diferente. Chega uma hora que ‘’não importa mais o que fizeram com você, e sim, o que você faz com aquilo que fizeram com você’’.

Só um adendo: um dia eu li a respeito de 2016 em um portal sobre astrologia, para tentar entender o porquê desse ano passado. Dizia-se que este é o último ano de governo do Sol, que depois de 36 anos dará lugar a Saturno, que, por sua vez, reinará por mais 36. O fim desses ciclos vem com perdas, resoluções e renúncias. Além disso, 2016 é um ano nove, que justamente significa encerramento de ciclos e abertura ou fechamento de algumas portas. Bom, eu não sou muito entendido em astrologia, mas hemos de convir que às vezes ela faz um puta sentido.

É, mas não existe ano ruim inteiramente: desafios foram superados, sonhos foram realizados, muita coisa foi escrita. Compartilhei da existência com pessoas que deixaram um tijolo no muro que sou eu –e que está em infindável construção-, e consegui, acima de tudo, fazer o melhor que podia com o que dava pra fazer. Descobri que lealdade é o elo principal de verdadeiras afeições humanas e que gratidão realmente reciproca. E que tudo que faz bem deve ser, simplesmente, aceito. Ninguém é completo sozinho, por mais que você possa vir a sentir assim, sempre vai ter algo mais a acrescentar, alguma lacuna desconhecida pra preencher. Isso não é algum tipo de filosofia que eu adotei, é uma natureza que a própria vida me impôs. E, sinceramente, eu não tenho o que reclamar disso, já que nunca encontrei plenitude sozinho. O meu maior desafio continuará sendo tratar de ser o rei de mim mesmo.

Para esse ano novo que há de começar busco, sobretudo, coragem para começos e recomeços, que multiplicam-se em velocidade abismal, e reconhecer que a beleza da vida está justamente nisso, como já melhor -e lindamente- aforismou Pavese. Desejo leveza –pois já experimentei demais do peso-, nenhum freio na busca por uma felicidade cada vez mais pueril, e que as pequenas coisas nunca se percam da minha vista, porque, sinceramente, invejo os pássaros que brincam nas poças deixadas pela chuva.

PS: Que ano foi 2016, parece que foi ontem (vocês não acharam mesmo que eu não ia soltar nenhuma piadinha idiota, né?)

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