segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Carqueja

Tu és para mim como chá de carqueja,
Uma sonata amarga e forçada,
Em que meu ser adentra e já fraqueja
Com uma só palavra

Tomo-te porque fazes bem
-Pelo menos é o que dizem-
Atraio-me por ti porque és forte,
Porque complementas um quadro repintado
Que sem ti é só mais um falso recorte.

Os goles de teu chá são cada vez mais etéreos
E resignar-me a sentir o calor de tua temperatura
É abraçar um presente inócuo,
sem esmero.

Cada palavra tua é um pingar duma gota de teu chá, em minha boca
Cada dicção tua solta,
É um grito ecoante de meu coração,
para que te absorvas.

Sou apaixonado de começo só pelo jeito que falas, 
pelo jeito que as palavras soam em teus lábios.
O resto é apenas resto!

Mas na noite, teu gosto de carqueja ressoando me relembra
Que de nada adianta a palavra quando não há intuito,
quando não alpendra.

Pois então,
benditos sejam os que demonstram!
-Como? Onde? Não importa!-
Seja com palavras, seja com atenção!
Seja com gestos, seja com devoção!
Benditos os que não me façam afogar-me
Em um mar de carqueja
e podridão. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário