''Perca-se'' (31/08/2013)
segunda-feira, 21 de dezembro de 2020
Poemas Perdidos (pt.2)
domingo, 20 de dezembro de 2020
A Mí
Y a lo complejo le decreto muerte.
Quiero ahora solamente la brisa fresca de verano.
Quiero el abrazo apretado
Y la sonrisa tonta.
Quiero los ojos mojados y el amor sin respuestas.
Quiero todo lo que no tiene explicación:
La razón ciega, la fé de los curas.
Quiero el beso de la pluma en mis mejillas,
La pasión de mi mamá y la canción de cuna de papá.
Pero, sobretodo, lo que más quiero es morirme, morirme de reir
Hasta que el día sea noche,
hasta que la luna mate al sol con su entrañable reproche.
Marrom
Mão afável sobre meu peito a dizer não à arritmia do meu coração,
E a força de segurar tão etéreo ímpar de dedos a me dar a certeza: contigo sou imortal.
Juntos e invencíveis, na temporalidade estranha e finita dos sonhos, nossa completude estilhaçava e esmigalhava a sentença irreversível do relógio.
Esta manhã acordei sem ti, morreste ao meu abrir de olhos - uma mentira crassa, não mais: vives.
Na consciência, podem-me tirar tudo e todos, mas tu és impassível de destruição.
Almejo que um dia existas na vida, tal como exististe em sonho e existes em mente, sem perder um milímetro desta tua teimosia em perdurar em mim,
Já que a lembrança de teu sorriso - tão excelso - e dos teus olhos - tão deíficos - me rende ao axioma de que abençoados são os que tem o real a amar - mas que ainda não é derrota amar aquilo que, no Mundo dos Homens, nunca existiu.
Termoluminescência
Assim, diante de si, toda segurança esmorece
E toda chance esboroa-se
Que então escorra pelo ralo
Todo o concomitante do que foi e não foi
E que o Caos seja a Virgem a afagar-lhe para dormir.
Que, enquanto isso, sente-se à mesa com mais um amor de sua vida,
e ao final dê-lhe "boa noite" e nunca mais a veja;
Tenha-se o pássaro à mão e deixe-o escapar.
A mais ardorosa felicidade vive de mãos dadas à melancolia
quinta-feira, 10 de dezembro de 2020
Brâstèlo
Retua in a cuarta varta
Oivites harten romperto in tosta mea:
Ertui, ertui!
domingo, 29 de novembro de 2020
Freddy
Quando eu era criança, certos filmes de terror corriam no boca-boca entre nosso grupo de amigos. Entre nós, ver filmes dessa natureza era um evento, mesmo que pessoas como eu nunca tivessem coragem alguma de começar qualquer um. A experiência de haver assistido aos "mais assustadores" dava uma espécie de status ao ser e da voz daqueles que tinham a audácia de ver aqueles ‘‘horrores audiovisuais’’ até o fim se iniciava um boato, uma mitologia do filme. O mais assustador, todos sabiam, era ‘‘O Exorcista’’, que vinha acompanhado experiências ainda piores:
- Fiquei uma semana sem ir ao banheiro – dizia um
- Depois daquilo, meu periquito nunca mais foi o mesmo – dizia outro
Estava feita a confusão: na noite daquele mesmo dia, eu ficaria sozinho em casa até por volta das dez e, evidentemente, ao passo que a lua subia, eu busquei refúgio no bloco ao lado, onde moravam meu tio, tia e primos. Cheguei lá como quem não quer nada, oferecendo-me como um inocente visitante e, como nas histórias desses filmes dos anos 80 ou nas de Stephen King, os pais estavam fora da jogada: naquela noite seriamos só eu, meus primos e a babá. Fiz-me de ''joão-sem-braço'' e, conforme as horas passavam, esgueirei-me para passar a noite ali: "iria fazer companhia pro Francesco", dizia eu – pura mentira, eu era estava me borrando do Freddy. A missão, evidentemente, seria não dormir e com isso segurei as pálpebras abertas como um boxeador que se recusa ir a nocaute. Não me lembro de ter ficado acordado tanto tempo quanto naquela noite, mas quando percebi (ou não percebi - aqui temos um impasse semântico) já estava nos braços de Freddy; digo, de Morfeu. Para minha surpresa, acordei no dia seguinte vivíssimo: não sonhei com pôneis, claro, mas nada de Krueger - nem uma visitinha rápida, nem uma piadinha tenaz tipicamente sua, daquelas que certamente o credenciariam para os shows de stand-up de hoje em dia.
CENÁRIO I
CENÁRIO II
Ainda que impaciente, Freddy pensa em não fazer desfeita diante da compreensão e hospitalidade de Daniel:
Daniel é interrompido por Freddy, já quase às turras:
quarta-feira, 25 de novembro de 2020
Lentium
Meu telescópio de vidas anda quebrado.
Quebrou-se sem cerimônia, sem despedidas: espatifou-se diante do bater do vento.Recusei-me a colher-lhe os cacos, fiz de uma lupa meu novo olho.
Examinei cada movimento, cada ensejo ou desejo de expressão, cada olho dirigido ou perdido.
Os rostos expandidos nada mostram além daquilo indesejado pela expectativa.
Os rostos expandidos não mostram a nós mesmos, são desvios de uma encruzilhada embaçada - o telescópio fora uma mentira: dos cacos percebi que nem por um dia ele intentou mostrar-me o que eu via.
Escancarou-se ao bobo a verdade da côrte: anos esmerilharam-se junto ao olhar despercebido da ironia de que ali nada se estava a ver - a a luz descerimoniosa, refletida fundo pelas lentes insípidas, em um majestoso penetrar das córneas minhas, fez-me padecer da cegueira dos que vêem.
Escancarou-se ao bobo a verdade da côrte: as lentes são derrotas aceitas daquilo que não acontece - e o eu, o paraíso da guerra.
Aqueles que teimam em ter a paz consigo próprios jamais acharão a paz no outro, ainda que a guerra do existir em si aparente jamais ter existido.
A paz duradoura é filha única da alma daquele que ousa amar-se e que, ao amar-se, recebe em mãos a vitória da vida humana em terra: o amor do outro.
domingo, 15 de novembro de 2020
Tilintar
Em meio às trelas ditas pelo reflexo da íris,
No fim da turbulência que é a marola,
O bastião imperecível responde por teu nome.
Ainda que surdo, ouço-o, de novo e de novo:
Se em meio ao silêncio do não-dito,
Tivesse algo de surgir para tornar o perfeito mais-que-perfeito,
Seria a tua palavra - pelo abraço das letras, a casa eterna de toda a graça.
Ouço-o, ouço-o: teu nome é o eco tilintar do canto canário,
O milagre do nascer,
O sorriso após a dor.
Hás feito de meu ouvido os olhos da vista e os olhos da alma,
Pois em tudo o que há,
E não há,
Há tu.
terça-feira, 29 de setembro de 2020
Poemas Perdidos (pt.1)
No cantar da noite pálida esgueirada,
Meu pardal amigo se aconchega
Com o ato final da lua em sua calada,
O vento vazio do sul se aprochega.
E diz: "acorda, amigo! Levanta logo que faz-se dia!
Lembra-te que houve tempo em que sem aviso teu olho se abria!"
Assim que acorda o pardal amigo,
Logo vem pedir de meu coração os retalhos
E com sorriso confesso que dou-lhe,
De bom grado.
Pois, ora, não nasci completo,
E mesmo que aguente os golpes de ferro,
Vim desnudo, vim varrido,
Perdido,
mas com sangue, altivo.
Diante do bater do martelo chamado destino,
Recuso-me a esmorecer,
E faço do estrondo deste em meu corpo
Meu mais simples florescer.
Por isso, voa, amigo pardal! Voa longe!
Que tuas penas resplandeçam no infinito!
E que o sol sem medo aqueça
Este coração meu que com cuidado carregas.
Espero-te sempre, pardal, sempre
não titubeio e nem me impaciento,
Pois prefiro que meu coração voe,
Carregado por pássaros a barlavento,
A não ser quem sou
A não amar quem amou.
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''Carqueja'' (16/10/2016)
Tu és para mim como chá de carqueja,
Uma sonata amarga e forçada,
Em que meu ser adentra e já fraqueja
Com uma só palavra
Tomo-te porque fazes bem
-Pelo menos é o que dizem-
Atraio-me por ti porque és forte,
Porque complementas um quadro repintado
Que sem ti é só mais um falso recorte.
Os goles de teu chá são cada vez mais etéreos
E resignar-me a sentir o calor de tua temperatura
É abraçar um presente inócuo,
sem esmero.
Cada palavra tua é um pingar duma gota de teu chá, em minha boca
Cada dicção tua solta,
É um grito ecoante de meu coração,
para que te absorvas.
Sou apaixonado de começo só pelo jeito que falas,
pelo jeito que as palavras soam em teus lábios.
O resto é apenas resto!
Mas na noite, teu gosto de carqueja ressoando me relembra
Que de nada adianta a palavra quando não há intuito,
quando não alpendra.
Pois então,
benditos sejam os que demonstram!
-Como? Onde? Não importa!-
Seja com palavras, seja com atenção!
Seja com gestos, seja com devoção!
Benditos os que não me façam afogar-me
Em um mar de carqueja
e podridão.
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''O Sol também se Levanta'' (06/02/2017)
Levanta-te, Sol! Levanta-te!
Abençoe toda a solidão
Que o mundo abriga,
Com uma quente mansidão
Ouça meus gritos, Sol, ouça-os!
Eles já foram mais altos, sei
Já melhor ecoaram nos porões do universo, não?
É que já cansei de gritar, irmão,
Estou farto do próprio falar
Mas não te iludas, não te oprimas:
jamais hei de te abandonar
A solidão a ti destinada, meu confidente, mande-a para o inferno!
E ouça-me!
A solidão, deixai-a a mim: esta é apenas minha e me recuso a partilhar,
Teus raios lindos não merecem tais chagas,
já que tua luz a vida pura encharca
ordeno-te: faça-te outra morada!
Contudo, imploro, irmão Sol, ainda assim, ilumina-me, não desista!
Cá dentro ainda deve haver lugar a brilhar
É que este sou eu:
Uma imensidão lotada de vazio e quadros tortos!
Mas que não são, nada mais,
Nada menos
Que a janela dos olhos
De nossa tão frondosa mãe,
Existência.