segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

O Sol Também se Levanta

Levanta-te, Sol! Levanta-te!
Abençoe toda a solidão
Que o mundo abriga, 
Com uma quente mansidão 

Ouça meus gritos, Sol, ouça-os! 
Eles já foram mais altos, sei 
Já melhor ecoaram nos porões do universo, não? 
É que já cansei de gritar, irmão, 
Estou farto do próprio falar

Mas não te iludas, não te oprimas:
jamais hei de te abandonar 

A solidão a ti destinada, meu confidente, mande-a para o inferno! 
E ouça-me!

A solidão, deixai-a a mim: esta é apenas minha e me recuso a partilhar, 
Teus raios lindos não merecem tais chagas,
já que tua luz a vida pura encharca
ordeno-te: faça-te outra morada!

Contudo, imploro, irmão Sol, ainda assim, ilumina-me, não desista! 
Cá dentro ainda deve haver lugar a brilhar
É que este sou eu:
Uma imensidão lotada de vazio e quadros tortos!
Mas que não são, nada mais,
Nada menos
Que a janela dos olhos
De nossa tão frondosa mãe, 
Existência.

Nenhum comentário:

Postar um comentário