Eu acredito que, por mais curta que seja sua vida, você já deve ter parado, em um momento ou outro, pra pensar no que seria gostar de alguém e no que seria amar alguém. Quem nunca se pegou em um: ‘’Pô, acho meio difícil de definir uma diferença básica entre as duas coisas...’’ ou em um ‘’Acho que quem ama necessariamente gosta, mas quem gosta não necessariamente ama...’’? Eu, pelo menos, confesso que já pensei nisso muitas vezes.
A tão amada filosofia já me explicou muita coisa sobre o que seria o amor, cada definição mais linda que a outra, cada definição mais precisa que a outra... Mas essa dúvida, do gostar e do amar, sempre continuou a me perturbar. Hoje, em um dia não muito bom, eu estava no ônibus, indo pra UnB, e um homem, com seus 40-50 anos, adentrou o coletivo e começou a distribuir pacotinhos com balinhas. Ele não disse nada além de um ‘’obrigado por segurar’’ e tampouco pediu algo. Apenas entregou as balinhas e depois as recolheu. Como eu raramente ando com dinheiro em espécie, eu já sabia que não tinha dois reais pra comprar as balinhas, mas olhando pro pacotinho que tinha acabado de receber -enquanto o homem continuava distribuindo-os para o resto do ônibus- eu notei que na parte detrás dele havia um papelzinho, bem rústico, que dizia mais ou menos assim: ‘’A diferença entre gostar e amar é: gostar é quando alguém conhece o teu melhor lado e por isso quer estar contigo. Amar é quando alguém conhece teu pior lado e ainda assim quer ficar contigo’’. Eu não sabia de onde este saudoso vendedor de balinhas tinha tirado isso (se foi ele quem pensou, se ele viu em algum lugar...), e também não sei de onde ele veio e nem pra onde foi, mas sei que este singelo pacotinho de balinhas me mostrou o que é o amor em seu sentido mais visceral, e por isso, mais belo: amar alguém é um ato tão forte, tão potente, e tão fantástico, que faz com que você aceite e se disponha a encarar todos os defeitos do outro, percalços e mazelas que possam vir.
Eu, sinceramente, só tenho a agradecer a este grande e honrado vendedor de balinhas: você me mostrou o que nenhum livro jamais mostrara, você me ensinou algo que vou pra sempre levar comigo. Desculpe não ter comprado suas balinhas, mas pode ter certeza que elas valiam muito mais que dois reais. Portanto, bendito seja tu, honrado vendedor de balinhas; bendita seja a sabedoria popular.
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